Não é novidade que a prática de atividade física é benéfica a saúde, promove o bem estar e qualidade de vida. O treinamento resistido é uma das alternativas para exercitar o corpo e promover a saúde.
A musculação é caracterizada como treinamento resistido, pois utiliza uma contra resistência para realizar determinados movimentos com contração muscular voluntária.
A muito tempo é de conhecimento da população os benefícios da musculação, porém ainda há muita resistência em relação a crianças e adolescentes realizarem a musculação.
Até meados dos anos 80 era dito que se indivíduos da população infanto-juvenil realizassem treinamento resistido poderiam prejudicar o seu crescimento, ter problemas de ordem hormonal e se lesionar.
O fato é que sem a orientação de um profissional capacitado e sem a adaptação do treino de acordo com as necessidades individuais de cada um todos estão passiveis de se lesionar.
Dessa forma, muitas vezes esta população mais jovem deixa de desfrutar dos benefícios que um treino bem elaborado e executado pode trazer.
Musculação para crianças e adolescentes e crescimento ósseo
A maior preocupação de crianças e adolescentes nas salas de musculação é interrupção do crescimento ósseo prejudicando seu crescimento.
Por causa do sistemas osteomusculararticular encontrar-se ainda em desenvolvimento, o principal receio é o fechamento das placas epifisárias e dessa forma interromper o crescimento.
Porém, Nichols et.al.(2001) realizou uma pesquisa, na qual adolescentes do sexo feminino foram submetidas ao treinamento resistido e como resultado houve aumento da densidade mineral óssea sem riscos ao crescimento.
Foi constatado o aumento de força muscular e como dito anteriormente os ossos se tornaram mais densos e fortes do que as adolescentes que não realizaram o treino de musculação.
A osteoporose é um problema que acomete principalmente idosos e praticar atividade física, auxilia no fortalecimento dos ossos e crianças que praticam desde cedo exercícios, envelhecem com mais qualidade de vida.
Prevenção de lesão a jovens atletas
Apesar de jovens, muitas crianças e adolescentes já desempenham atividades de alto rendimento, e o desempenho e prevenção de lesões também é uma preocupação no meio científico.
Faigenbaum (2002) cita que por meio do treino resistido as crianças e adolescentes atletas, tem menor risco de se lesionar por causa do fortalecimento de músculos, ossos e tendões.
Bompa (2002), relata que a utilização de treinamento resistido em crianças e adolescentes os prepara para atividades de alta performance e desempenho, dessa forma os tornando menos suscetíveis a lesão.
Condicionamento físico, força, resistência muscular
A prática do treinamento resistido segundo Fleck e Kraemer (2001) aumenta o nível de força e resistência muscular, assim como teve influência nos níveis de VO2 máximo.
O American College of Sports Medicine (ACSM) em 2002 relatou também o desenvolvimento da força muscular, assim como também relatou a melhora da coordenação de crianças e jovens que praticam treinamento resistido.
Composição corporal
A obesidade é um dos problemas de saúde pública enfrentado atualmente e um dos riscos para doenças coronarianas, diabetes e hipertensão.
Segundo Faigenbaum (2010), crianças obesas podem utilizar o treinamento resistido como maneira de iniciar atividades físicas e também apresentar mudanças no percentual de gordura a medida que progride no treinamento.
Cuidados no treino para crianças e adolescentes
Apesar de obter muitos benefícios tanto na qualidade de vida, como em desempenho em esportes, o treinamento resistido para a população infanto-juvenil deve ser adaptado com a finalidade de se tornar mais seguro.
O principal cuidado a ser tomado é a correta supervisão de um profissional de Educação Física capacitado para orientar as atividades.
Segundo Faigenbaum (2010), o risco de lesões ocorre por execução inadequada dos exercícios, além de carga de trabalho excessiva.
Porém também relata que não há estudos que comprovem que treinamento resistido por si só atrapalhem o crescimento e maturação de crianças e adolescentes.
Para Faigenbaum (2010), também não existe uma combinação de séries, exercícios e repetições que sejam mais adequadas para crianças e adolescentes e tudo depende do trabalho programado.
É possível utilizar equipamentos, halteres, assim como exercícios calistênicos para treinar, sempre priorizando a qualidade do movimento e técnica correta para realizar os exercícios.
Com quantos anos pode fazer academia?
A maior parte de profissionais da saúde e da educação física não costumam estimular uma idade mínima para crianças começarem a treinar na academia. Apenas alguns profissionais por precaução indicam para que se inicie na musculação a partir dos 14 anos, quando a fase de crescimento já mais acentuada.
Concluindo
O treinamento resistido é sem dúvida muito benéfico e promove uma série de fatores que levam a uma melhoria na qualidade de vida da população.
As crianças e adolescentes também podem utilizar este método de treinamento ao contrário do que as crenças antigas disseram, desmistificando esta ideia de que a população infanto-juvenil é proibida de realizar a musculação.
Muitos estudos corroboram por aprovar a inclusão da população infanto-juvenil no treino de musculação, porém com cuidados e supervisão de um profissional qualificado.
E importante salientar a importância do professor de Educação Física no momento da prescrição e orientação das atividades, tendo em conta as necessidades individuais de cada indivíduo.
Dessa maneira o treinamento resistido serve a vários propósitos e objetivos e assim também é útil como ferramenta adaptada a crianças e adolescentes.
Referências:
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Strength Training by Children and Adolescents. 2002.
BOMPA,Tudor. Periodização. Teoria e metodologia do treinamento. Guarulhos: Phorte editora, 4ª edição, 2002.
FAIGENBAUM. Treinamento Pliométrico para Crianças e Adolescentes. 2002
FAIGENBAUM; MYER et.al. Pediatric Resistance Training: Benefits, Concerns, and Program Design Considerations. ACSM Volume 9, Number 3, 2010
KRAEMER, J.W; FLECK, S.J. Treinamento de Força para Jovens Atletas. 1ed. São Paulo: Editora Manole Ltda, 2001.
NICHOLS; SANBORN; LOVE. Resistance training and bone mineral density in adolescent females. J Pediatr. 2001.